julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com coisas que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

12 anos em um texto enorme para relembrar

Quando esse blog completou 10 anos eu olhei pra ele e pensei “uau, 10 anos é bastante tempo para se ter um blog”, fui lá e escrevi um textinho singelo, mas que marcasse essa experiência de manter esse espaço por tanto tempo (sem pausas muito longas).
Agora, completando 12 anos, não sei se acho tão surpreendente assim?

Talvez eu tenha me acostumado com algumas coisas, talvez eu tenha mudado alguns pensamentos. Não sei bem. Acho que a gente muda e se redescobre todo o tempo (falo muito por mim mesma, pois sou uma metamorfose ambulante que está sempre evoluindo e aprendendo com os outros e consigo mesma). Então algumas coisas já não são mais um marco tão forte quanto outras. Ou o que marca é a vida, o blog só tá ali para ser um meio da oportunidade que tenho para contar esses acontecimentos importantes. Acho que faz mais sentido (?).

Até comentei no texto de dez anos, que se não fosse minha vontade de estar aqui, esse blog não teria sobrevivido. E continuo com esse mesmo pensamento. Então a verdade é que a ideia de se comemorar aniversário de um espaço que você criou é boa, pois é importante pra você, mas o fato é que você é mais importante do que o espaço em si, pois sem sua pessoa essa criação não existiria, não é mesmo?
Outro ponto é: estou dando mais importância do que realmente merece, mas o negócio é que se eu não der importância ela não existe (e entramos no paradoxo, mas esqueça isso pois eu não vou ficar rememorando tais teorias).

Talvez eu esteja viajando legal aqui, mas são 12 anos nisso, não é agora que eu estou ficando mais velha também que vou deixar de ter minhas reflexões delirantes.

Não queria relembrar necessariamente dos posts/textos que fiz desde o começo, queria lembrar de algumas situações e vivências que tive a oportunidade de registrar aqui. Um tipo de viagem às lembranças desse humilde lugarzinho. Será o que tentarei fazer pelos próximos parágrafos.
Minha ideia em criar um blog lá em 2010 era minha grande vontade de escrever sobre o que eu mais gostava (na época): filmes, livros, música, nerdices, um pouco do dia a dia etc.
No começo eu até tentei dar meus pitacos de “““““crítica”””””, fazendo “““resenhas””” de filmes e livros. Claro que nada do que escrevia era profissional, eu só gostava de ter um espaço para dar minhas opiniões bobinhas das obras que eu gostava (ou não). Depois foi ficando tudo um pouco mais pessoal.

Em 2011 cursava psicologia – ainda não morava em São Paulo –, era um estágio em Educação, por conta da matéria; eu e uma colega fomos fazer uma observação em uma escola. Lembro bem da experiência (talvez eu lembre mais por ter escrito e publicado aqui, hein), que foi muito interessante, mas eu meio que já não tenho mais nada a ver com aquela pessoa que escreveu esse texto.

E isso, obviamente, serve para quase todos os textos escritos aqui que são mais antigos. Textos de 8, 7, mesmo 5 anos atrás, já mostram uma Julie bem diferente do que sou hoje. Não vou dizer completamente diferente, pois quando releio alguns deles ainda me pego concordando com uma coisa ou outra, contudo as visões, interesses e jeitos mudaram demais. Tenho certa vontade de pegar alguns e reescrever, publicar eles novamente, revisados e atualizados, mas não sei se é uma ideia interessante…

Eu criei uma categoria aqui que chama Music to Monday que tenho postado até hoje, pois sou uma entusiasta da música (pelo menos de artistas que eu curto, né rs) e adoro escrever sobre ela. Mas já estou começando a pensar que cabe uma mudança e quem sabe extinguir essa categoria e escrever posts de música de forma diferente seja uma mudança interessante. Também não sei se vou realmente fazer isso, mas é mais uma ideia.

uma foto só pra ilustrar rs

Bem me lembro de quando ganhei minha câmera, pois queria uma de qualquer jeito para poder fotografar. A vontade era me embrenhar nesse mundo da fotografia profissional e talvez trabalhar com isso? Nem preciso dizer que nem foi para a frente, porém foi uma experiência legal ir atrás disso e aprender algumas coisas sobre fotografia. Depois usei a câmera para gravar os vídeos do canal – que inventei de criar, rs.

Falando em canal, em 2014 depois de enrolar um pouco, me rendi ao booktube e criei um canal que era extensão do blog, só que mais voltado para os livros. Também não foi algo que deu tão certo? mas não deu errado também. Essa foi uma das coisas que fiz que não me arrependo nem um pouco. Aprendi muito, mudei muito; revi meus gostos literários, conheci autores espetaculares e pessoas ótimas desse mundinho. Além de ter aprendido a editar vídeos um pouco, e sobre como a internet é esquisita e às vezes meio hostil. Mas sem dúvida foi uma das melhores fases dessa última década.
Só que, como qualquer coisa na vida, ela foi passageira e hoje já não tenho mais vontade de ter um canal literário – porém pode ser que volte com um mais comunzinho, mais na vibe do blog mesmo (que eu chamaria de “vlog diarinho” para fazer um paralelo kkk).

Um pouco de tempo depois, aconteceu uma das coisas mais doidas que não poderia imaginar que aconteceriam comigo: fui morar em outro país. No Chile para ser mais especifica. Até prometi que faria posts e vídeos sobre os lugares e como estava sendo a vida lá, mas fui engolida por muito mais coisas complicadas que estava aprendendo a lidar, então fiquei mais reclusa e só escrevi dois textos: um de quando estava indo para lá e um de quando voltei para o Brasil. Um dia quem sabe eu fale melhor sobre tudo isso – agora que só sobram as lembranças boas, rs.


E o tempo foi passando e daquela doida dos esmaltes, que tinha uma coleção enorme, que gostava de maquiagem, não sobrou muito, ou quase nada, diga-se (os posts sobre esmaltes foram retirados do blog, assim como alguns outros). Aliás, um tema que era mais recorrente e que hoje já não me interessa tanto são os filmes. Tenho largado de mão, já não me considero cinéfila (quando me considerei?), e tenho tido muita preguiça de ver coisas novas, mas eventualmente assisto alguns lançamentos. Só acabei não escrevendo mais sobre esse assunto. De vez em quando algo escrito deve surgir por essas bandas.

Agora, livros e música sempre foram e serão minhas paixões. E sobre música eu sempre gosto de escrever. O que tenho notado é que, desde que criei e fechei aquele canal, não tenho conseguido me dedicar tanto a textos literários, nem mesmo dos mais simples. Não sei dizer qual a dificuldade disso. Pode ser que um dos motivos tenha sido justamente a criação e até a extinção do canal, imagino... Contudo pretendo voltar a escrever mais sobre livros, afinal nunca me deixaram na mão (eu é que me desaponto tendo ressacas literárias).

Uma coisa curiosa, ou talvez nem tanto, é que hoje entendi que não são os textos que mais tem visualização e comentário que são importantes. Todos eles são. Já nem me pego mais me importando se vários não tem comentários, ou aquele texto que amei demais escrever tem bem menos visualizações do que outro que achei mais ou menos. Isso diz mais sobre quem lê e curte (e agradeço imensamente por quem lê e curte tá?) do que sobre mim. O que diz sobre mim está ali, nessas milhões de linhas bonitas, esquisitas, bem escritas e que não fazem sentido. Nesses textos todos está um pedaço significativo de quem sou. Mesmo que em muitos deles eu reclame que estou sem criatividade, com bloqueio criativo (que pelo que vi é uma teoria furada), e que hoje em dia só apareça por aqui uma vez por mês, e olhe lá. Já escrevi sobre tanta coisa, sobre o tanto que senti e sinto...

Eu nunca quis deletar (forma dramática de exemplificar) tudo e começar algo novo porque sempre acreditei no conceito de se ter memórias; de mantê-las e poder acessá-las quando quisesse. Percebi também que mesmo tendo um pouco de vergonha de algumas coisas que escrevi há tanto tempo, elas fazem parte de quem eu era, e que por ter passado por elas e ter registrado aqui é que me fizeram entender que precisava mudar em alguns aspectos, inclusive na escrita. Sempre respeitei isso em mim, esses aprendizados. Por isso hoje não acho estranho a disparidade da Julie de 2011 com a Julie de 2022. Elas são pessoas diferentes – que se se encontrassem hoje uma ia achar a outra muito cringe hahaha – mas elas foram e são importantes em sua própria época e é essa a beleza.
 
Recentemente eu me abri num texto bem pessoal sobre as obras da Alice Oseman. Contei de uma forma simplificada que estava me descobrindo, me entendendo como uma nova pessoa, perceber isso tendo assistido e lido a série Heartstopper, por ter muita representatividade LGBTQIAP+. 
Bom, ainda em meio a esse entendimento, não quis me definir com alguma letra e por isso me assumir escancaradamente não é algo que farei tão cedo, rs. Existem muitas e muitas questões sobre isso que quero e preciso analisar mais – provavelmente em terapia também –, por isso não me estenderei nesse assunto por agora.

Entretanto posso dizer: estou aqui, nesse fase da vida com a maior descoberta sobre minha identidade, tendo esse espaço tão pequeno e tão grande ao mesmo tempo, para agradecer e enaltecer por ter um lugarzinho onde foi crescendo dentro de mim. Aprendi que posso simplesmente falar o que bem entender, pois sempre será meu lugarzinho mais reconfortante da internet. Onde me sinto segura em escrever sobre essas coisas da vida que são mais complexas, mas sobre as que não são também. Posso falar sobre tudo. Por isso tenho um carinho imenso por esse cantinho que criei lá em 2010, e que não vou me desfazer, pois apesar de não importar a idade que ele tenha, ele está aqui para me ajudar a me comunicar.

eu do passado me mostrou de diversas maneiras (muito pela escrita) ao longo do tempo, que somos e não somos os mesmos. Que a gente se transforma e se mantém. Se descobre e se reafirma. Aí eu digo que um lugar que nos acolhe é uma forma de lar. E esse blog é um dos meus lares.
(esse texto ficou uma coisa misturada em aniversário do blog, reflexões existenciais e emoção por ser quem se é, aiai kkk)

Enfim, já estou ficando mais emotiva e não queria ir necessariamente para esse lado, haha. 

É bom permanecer aqui tanto tempo, é bom ter quem me leia, mas mais que isso, é bom ser quem sou, principalmente gostar de escrever aqui. ♡

J.

Comentários

  1. Eu leio ♡ E torço para que as memórias mais lindas possam ser criadas por aí, a partir de suas novas descobertas e as redescobertas! E que os registros sempre te façam bem.

    Um abraço imenso pra ti,
    Larissa

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    1. E vc sabe que tem todo meu agradecimento e carinho por estar aqui né, Lari <3
      Muito obrigada por gostar do bloguinho.
      Bjs ;)

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  2. Ah, amiga, bons tempos de blog, né? Acho maravilhoso que você tenha conseguido continuar, que consiga ter essas percepções de que a Julie do passado também faz parte de quem você é hoje. A gente muda mesmo, e que bom! Como você disse, essa é a maravilha de viver! Parabéns por seguir aqui, eu leio seus textos mas não comento muito, porém gosto muito de todos eles. Vim te dizer que continue, porque é muito bom ter um pedacinho grandão de você por essa internet cada dia mais doida. Bjão

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    1. Aaaahhhh, Clau! Eu que agradeço imensamente por ter você por aqui, mesmo que não comente hehe
      Eu vou continuar até onde der, eu amo esse espacinho, não vou abandonar, não, pode ficar tranquila.
      Obrigada por tudo mesmo <3
      Bjs ;)

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  3. Vi no twitter que você tinha escrito um post enorme e vim conferir hehehehe... Maravilhosa como sempre. Gostei muito da ideia do youtube, estarei lá pra assistir. E de resto, parabéns!!!! Bjks

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    1. Obrigada por estar aqui e curtir o que escrevo, Flavia <3
      Bjs ;)

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  4. Aaaah, eu acho que uma das melhores coisas de se ter blog é fazer essa retrospectiva! Eh tão gostoso! Eu tenho um que também já faz mais de dez anos, e embora algumas coisas nele sejam cringe, eu amo o fato de ter tudo aquilo de registros sobre o que vivi. Tomara que você continue achando sentido nesse blog pela próxima década!! ❤️

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    1. É mesmo incrível poder rever tudo o que se passou e foi registrado aqui. Não é ótimo ter as lembranças guardadas em algum lugar onde a gente pode acessar facilmente? Fico aliviada que nunca quis apagar nada disso aqui hehe
      Vou continuar por muito tempo ainda, Manu, pode contar. Obrigada pelas lindas palavras <3
      Bjs ;)

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  5. 10 anos é MESMO bastante tempo para se ter um blog, imagina 12! Parabéns pro blog, parabéns pra você <3
    Já pensei em deletar tudo e começar de novo, mas isso das memórias sempre me faz mudar de ideia. É uma experiência (às vezes boa, às vezes nem tanto haha) voltar num post antigo e ver o quanto as coisas mudaram :)

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    1. Obrigada, Vanessa, pelas palavras de aconchego <3
      Relembrar de algumas coisas é bom, mesmo que não sejam lembranças tããão felizes.
      Bjs ;)

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  6. No fim das contas um blog só se mantem vivo por causa das nossas reflexões delirantes, né? haha
    Feliz 12 anos de blogosfera <3


    Limonada

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  7. Menina, parabéns por conseguir manter esse espaço por 12 anos!!! É muito tempo! Mesmo acreditando na importância de guardar memórias, eu já criei e deletei blogs muitas vezes - sei lá, sou uma pessoa inconstante - e por isso mesmo dou valor para quem continua com o mesmo espaço por tanto tempo. Sei como é difícil, justamente porque exige um pouco desse sentimento dual que você tem: por um lado, ficar "nem aí", por outro, engajar no blog e não deixar de postar. Fazer isso por tanto tempo é uma grande conquista. Parabéns :D

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    1. Aaaah muito obrigada, Nat! Engraçado que também sou inconstante, mas uma das pouquíssimas coisas que se mantiveram na minha vida foi esse blog, por isso eu dar tanta inportância pra ele, hehe.
      E que bom que você está aqui pra ajudar a manter, viu! Agradeço seu tempo e o valor que você me dá <3
      Bjs ;)

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  8. UAU, 12 anos, que incrível! Acho tão bacana ver que a blogosfera não morreu, que esses blogs ainda persistem até hoje, e nós fazemos parte disso. As pessoas que nunca tiveram blog e nem tem interesse nisso, nunca vão saber como é ter 12 anos da vida documentado desse jeito tão especial e único na Internet, como vc fez. Só quem viveu (e vive), sabe.

    Parabéns ppor esses 12 anos, e que venham muuuitos mais! ♥

    Beijos,
    Livro de Memórias

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    1. Só quem vivei, sabe mesmo, né Renata!
      Ainda bem que tem blogueiras como a gente pra manter isso aqui vivo haha. Muito obrigada pelas palavras <3
      Bjs ;)

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  9. Que lindo! É lindo ver que já tem 12 anos e que você continua escrevendo com o mesmo entusiasmo do começo! Meu blog tem 6 anos e ele é completamente parte de mim, e é estranho ver quem eu era e quem eu sou, e fico pensando em quem me tornarei. Registrar tudo é sensacional. Espero que venha muitos e muitos ano de blog, e conta pra gente a história do Chile!
    Abraços!
    claraaoliveira.blogspot.com.br

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    1. Ah eu tento né? haha Muito obrigada pelo carinho e por estar aqui lendo <3
      Uma hora conta a história do Chile hehe
      Bjs ;)

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  10. Oi Gabius!
    Aaah, eu fico muito feliz que você também aprecie "meu álbum" aqui na internet. Pode contar que vou continuar até onde der com esse lugarzinho aqui, pois ele sempre me trouxe coisas boas <3 Obrigada por estar por aqui!
    Beijão ;)

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  11. Que texto mais lindo de se ler, Julie! Assim como você, eu também acredito no conceito das memórias, ter um lugarzinho na internet que é quase uma cápsula do tempo, e fico feliz de encontrar blogs assim como o seu, que contam histórias. Parabéns pelos 12 anos e pelas lindas reflexões. E que bom que você ainda tem vontade de continuar aqui, que continua por muito mais tempo <3 Um abraço enorme e ótimo final de semana ♥

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    1. Obrigada pelas palavras tão lindas, Isa <3
      Não pretendo deixar tão cedo meu lugarzinho preferido na internet hehe (mesmo que suma por um tempinho, sempre vou estar por aqui). O blog como cápsula do tempo é um conceito muito maravilhoso, mesmo ^^
      Bjs ;)

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