julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com o que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

Essa que sou

Quando perdi um pedaço dos meus sonhos eu deixei de ser quem sou

Quando eu fiz mais um ano de vida eu deixei de ser eu mesma?

Penso que sou um amontoado de coisas que vão se transformando em outras características conforme o tempo vai passando e eu vou evoluindo meu ser. Pois só tem uma direção para onde ir: para a frente. O futuro é incerto, mas o passado já não faz mais parte de nós, então eu que sou devo focar em fazer minha caminhada pela descoberta do que sou e serei. Afinal o que deixei de ser não o é, e nunca mais será.

Parece um labirinto de pensamentos que não fazem sentido, não é? Mas está tudo claro aqui dentro. Eu sei quem eu sou, é isso que importa.

Arte de Kathrin Honesta

Eu sou aquela menina-moça que não se preocupa mais com o cabelo bagunçado; que esmalta as unhas só quando tem vontade e que está descobrindo os sabores deliciosos dos chás. Tentando deixar de tomar tanto café. Que fica a maior parte do tempo com a cabeça na lua.

Sou uma simples criatura que ouve muita música (em fones gigantes) e que não tem mais tantos pré-conceitos com artistas novos. Mas sempre volto para as mesmas velhas bandas favoritas.

Sou aquela que quer sempre escrever — por amar ver as letras juntinhas formando palavras desde sempre —, porém o bloqueio criativo e o medo do papel em branco também fazem parte da minha vida. Aquela que não anda lendo muito, mas que vai se considerar sempre uma leitora voraz, pois a paixão por livros não a deixará jamais.

Uma pessoa que ama os gatinhos mais lindos do mundo e que tem sua própria filhinha para cuidar. Já vai fazer três anos que sou mãe de gata.

Sou aquela que sempre conviveu com a natureza. Morando em casa com um pátio cheio de plantas e flores, que hoje já nem se encontram mais. Que presenciou a vida dos vaga-lumes, outras criaturinhas que não se vê mais por aí. Mas também sou aquela que ama as plantas todas só que sem saber cuidar de uma. E por isso está sem um verdinho em casa. Pretendendo ajeitar isso.

Acho que sempre serei mais uma, entre tantas, pessoas que possuí ansiedade, mas que vai superá-la em algum momento. É preciso. Não dá para conviver com isso para sempre.

Eu sou a cada dia uma pessoa diferente. Porque só sou uma vez a de ontem e a de hoje já tem milhões de outras coisas em que pensar, embora eu saiba que as experiências que me ensinam, me fazem pensar são o que me fazem ser essa pessoa diferente todo dia.


J.

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