julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com o que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

Pequena coreografia do adeus, de Aline Bei

Comentei no texto passado que desejo voltar a escrever “resenhas” no blog (lembrando que utilizo a palavra “resenha” para ilustrar os textos sobre livros a serem escritos, mas que o conceito nem é tão abrangente assim, já que os textos que gosto de escrever são impressões e opiniões completamente pessoais sobre minhas experiências literárias e não analises destrinchadas). Depois de tanto tempo sem conseguir escrever algo mais profundo sobre livros por aqui, gostaria de me empenhar mais a partir de agora.

Só um detalhe a ser destacado: sei que não conseguirei escrever textos de todos os livros que lerei, então não espere que todas as leituras tem um texto aqui. As que eu conseguir extrair algo a dizer serão resenhados e é isso. Farei o meu melhor. 

Serão tipos de resenhas diferentes, embora o estilo e a abordagem mudem de livro para livro, pois eu acho que cada um merece o texto que lhe defina. Enfim, espero que seja um jeito bom de voltar a escrever mais sobre livros, finalmente.

Acervo pessoal

O que encontrei neste livro foi mais do que uma escrita de destaque peculiar; foi mais que apenas uma história comum sobre uma menina que tem que lidar com as injúrias e violências da mãe e a ausência do pai.

Em Pequena coreografia do adeus eu não só li, não só encontrei, eu senti. Senti arrepios, senti minha garganta embargar, senti meus olhos marejarem, mas acima de tudo senti orgulho de ler um livro escrito por uma mulher brasileira que conta de maneira tão bonita e dolorida uma história que parece simples, porém ao mesmo tempo é cheia de sutilezas, cheia de bonitezas.

O uso da linguagem que Aline Bei faz e a construção desse texto trazem uma maneira poética de dizer coisas ruins que acontecem na vida da Júlia. Além de ditarem um tom mais informal na narrativa. 
Por serem por parte de sua mãe, essas coisas ruins são internalizadas em pequenas culpas que a menina carrega até a fase adulta. O seu lado artístico que não se desenvolve na dança, faz com que Júlia pense não ter talento nenhum, contudo mais tarde, ela vai descobrir que possui sim um talento; uma vontade, para ser mais exata, de contar histórias também.

A partir da segunda parte — intitulada Terra, sobrenome da protagonista — junto a outra que chama Escritora, me contemplaram muito intimamente. Não estou dizendo que vivi situações parecidas com Júlia (ainda bem que não), embora certas coisas podem ser entendidas simbolicamente. Me abraçou pelos sonhos, pelos pensamentos que ela tem no decorrer da vida, e muitas frases e parágrafos destacáveis que percorrem o livro.
é o que chamam de carma ou: carregar uma pedra involuntária no coração.
como recolheria meus cacos se eles são invisíveis?
ela me disse, especialmente
que o artista não é quem explode por dentro, isso pode acontecer com toda e qualquer pessoa; só é Artista quem Entrega

O corriqueiro, os pequenos detalhes de rotina são sempre um charme quando lemos ficção contemporânea, pelo menos posso dizer para mim, acho muito aconchegante e verdadeiro essa atmosfera de vivência.

O livro transborda poesia cotidiana comum, bem a cara da nossa realidade com pitada de magia sentimental. Um livro que não agradará a todos, entretanto aos que forem agraciados por ele, com certeza a recompensa de serem tocados será gratificante.

J.

Comentários

  1. Oi Julie, o livro parece ser forte e lindo. Faz tempo que eu não leio um livro que tenha mexido comigo assim, são poucas as leituras que conseguem fazer isso com a gente, né? Eu já tinha visto o livro por aí, numa livraria provavelmente, mas não sabia do que se tratava. Agora fiquei mais interessada. Beijos :*

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    1. Oi Cami!
      É meio pesadinho sim, mas é lindo também. Eu daria uma chance pois eu achava que nem ia gostar tanto assim e me surpreendi favoritando o livro hehe.
      Bjs ;)

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  2. Gosto muito de resenha nesse estilo! Minha meta pra esse ano é ler mesmo e estou fazendo uma lista de livros que quero ler, e vou tentar encaixar esse nela, se meu emocional permitir haha.

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    1. Oi Zoya!
      Ah que bom que gostou da resenha, fico contente ^^
      Espero que consiga ler o livro. Boas leituras e obrigada por comentar :)
      Bjs!

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