julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com o que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

GRIS: arte, mágica e metáforas


Há um tempo compartilhei a trilha sonora de um jogo indie chamado GRIS (para ser mais exata, foi em 2019, rs). Comentei que iria fazer um post falando um pouco sobre ele, só que acabei deixando pra lá por certas questões. Porém hoje estou aqui para mostrar, finalmente, sobre esse jogo magnífico que foi desenvolvido pela Nomada Studio em Barcelona, e distribuído pela Devolver Digital.

Tive conhecimento pelo vídeo do Eduardo do canal BRKsEdu, que jogou uma demo ganhada pelo próprio estúdio. Fiquei encantada com tudo do game e já pedi para meu marido adquirir pela Steam. Na verdade demorou um pouco para a chegada dele, então acabei arriscando assistir alguns gameplays. Quando finalmente consegui jogar fiquei muito feliz de ver como ele explora a arte em si. Temos uma trilha sonora emocionante e ilustrações deslumbrantes, acho que o jogo consegue abordar o máximo de uma bela jornada da personagem principal.

GRIS (sim, é o nome dela; cinza em espanhol) é uma moça sonhadora e sincera que tem uma perda muito significativa. Ela não vislumbra muito para seu futuro, mas em sua caminhada pelo mundo sem cor, começa a achar essas cores novamente e a explorar lugares diferentes, onde encontrará alguns perigos, mas também, amigos que irão ajudar nessa jornada em busca de si mesma.

O jogo possui uma narrativa baseada em metáforas. Significa que você pode tirar o entendimento que mais tocar seu coração. Embora ainda dê para perceber alguns elementos que nos mostram que ela passa por um luto. Pelo caminho que se vai percorrendo nota-se que há indícios sobre as fases desse luto, além de mostrar um pouco das situações de depressão que ocorrem nessas fases.

Essa sinopse escrevi pela experiência que tive ao jogar GRIS (e não foram poucas vezes, não). Devo mencionar que ter passado por processo de luto faz com que se reviva um pouco sobre isso ao se deparar com a história da heroína. Pois lá no fundo é possível ver como a narrativa se entrelaça na própria vivência. É bonito, melancólico e um pouco triste. 
Como disse, você pode entender de alguma forma diferente, porém tem significados que ficam claros para alguém com mais sensibilidade. Fora isso não direi mais sobre as interpretações, pois apenas jogando é que se tem a experiência completa, certo?

Sobre o modo de jogo, ou gameplay, não tem muito o que explicar. Um jogo de plataforma 2D em que se anda para esquerda ou direita, com subidas e descidas, nada mais. Aqui não há batalhas nem mortes. A experiência de jogar GRIS é realmente acompanhamento pela jornada da protagonista. Em vez de ter que se preocupar com lutas, itens, XP e barra de vida, as únicas coisas que você ganha são habilidades que serão usadas no decorrer de suas andanças pelo entendimento do que será descoberto por ela. No mais, resolver alguns quebra-cabeças (puzzles) para continuar em frente, mas nada complicado demais que não consiga fazer com certa facilidade.

Uma das coisas que mais se destacam em GRIS é, obviamente, a arte. Direção liderada por Conrad Roset, um artista que usa a aquarela e sofisticado senso de cores e formas. Tudo combinado magicamente na aparência mais linda que já vi em games (indies e comuns). Os cenários poderiam ser expostos em galeria, pois como quadros seriam uma arte das mais apreciadas — posso falar muito por mim, pelo menos.

Alguns prints que eu mesma tirei enquanto jogava:


A trilha sonora havia deixado aqui em um post de Music to monday, mas repetirei a entrada, pois as músicas são o complemento que fecha esse jogo primoroso com chave de diamante (mais valioso que ouro, diga-se hehe).

Autoria pelo grupo Berlinist, são composições que se complementam emocionalmente com os momentos em que GRIS faz suas descobertas pelo seu mundo de cores. Por conta disso, vários acontecimentos do jogo podem te arrancar algumas lágrimas — mas que mal há nisso, não é mesmo?
Difícil descrever mais ou melhor que isso. Apenas ouçam a trilha antes para terem um gostinho do que poderá ser ao adquirirem o jogo.

você pode ouvir a trilha aqui no Youtube, ou baixar pela Apple Music

Atualmente está disponível para pc pela plataforma da Steam, Nintendo Switch e pode-se executar por sistemas Linux e Ubuntu. Recentemente encontra-se para iOS, Android e Playstation 4, também.

É um jogo mágico, sensível, que nos faz entrar meio que num transe de emoções a serem reconhecidas pelos nossos sentimentos. Uma experiência única que vale muito a pena se ter.

J.

Comentários

  1. Gris foi um dos jogos que mais me impactou visualmente. Além da delicadeza de sua história e da trilha sonora - que você comentou aqui, acompanha de maneira tão precisa as mudanças da narrativa - eu fiquei verdadeiramente impressionada pela explosão de cores e construção dos cenários. É tudo tão bonito e emocionante ao mesmo tempo, né? Foi uma experiência muito diferente de todas as que eu já tive com games.

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    1. Esse jogo é muito especial mesmo, Paulinha!
      Acho que tem que ser mais difundido.
      Obrigada pelo comentário ;)

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  2. UAU Julie, fiquei impressionada com os gráficos ~ e mais ainda com a descrição do jogo. Eu não sou muito de games, justamente por não me interessar muito por essa dinâmica de lutas, ganhar/perder pontos e vidas... Mas essa história me encantou e eu adoraria jogar. Realmente lindo.

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    1. Sim, Camila, é um jogo deslumbrante!
      E acho que você podia dar uma chance e jogar. Não é um jogo longo e não tem puzzles difíceis pra resolver, e tem toda essa experiência bonita que é a jornada da personagem, com a música e os gráficos lindos.
      ;)

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  3. amei esse jogo e já deixei na minha wishlist da steam, haha. não sou muito de jogar, mas quando a vontade bater vou comprar. amei o post <3

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    1. Que bom que meu post te deu vontade de jogar, Ka! Era esse o objetivo hehe
      Obrigada ;)

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