julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com coisas que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

Acabou 2020, finalmente

Esse ano foi um ano muito atípico do que esperávamos — e estou falando leve assim para não ter que relembrar toda a tragédia que foi, mas se quiser um pouco mais de realidade aí…
Tanta coisa aconteceu que até dá uma tontura pensar se certos acontecimentos foram esse ano mesmo ou em algum outro ano atrás.
obs: este texto não é uma retrospectiva, só um compilado de pensamentos e coisas que ficaram passando pela minha cabeça agora no fim do ano.
Eu estava empolgada no começo. Tanto que resolvi voltar com meu canal no Youtube, fazendo lista de livros para ler, metas para cumprir. Porém fomos acometidos por todo esse caos que virou o Mundo. Pandemia, governantes desgovernados e mais mil coisas que terminaram com o ano da maioria (se não posso dizer de todo mundo mesmo).
Tudo que eu estava pensando em fazer e realizar foi por água abaixo, pois, falando por mim, não consigo me dedicar às atividades, do jeito que gosto de me comprometer com elas. Preciso estar bem emocionalmente para poder dar algo de mim verdadeiramente. Mas entendo quem disse que conseguiu continuar — mesmo que aos trancos e barrancos.

Tem também essa sensação de nada acontecendo entre o Natal e o Ano Novo, uma espécie de limbo, que faz com que os pensamentos sobre os desejos, as resoluções, os planos comecem a brotar na nossa cabeça, naquela ânsia de esperar algo para o ano seguinte. Como será o ano que vem e o que poderá ser melhor? Porém tudo acontece tão rapidamente que logo nos vemos na mesma época de novo com os mesmos pensamentos. 

Desculpa, estou acelerando as coisas (o que é uma grande ironia).

Só filosofando como o Tempo acontece. E até hoje não se sabe como lidar com ele de alguma forma mais benéfica. Parece escorrer pelas mãos como areia, ou água: difícil de segurar, de lidar.


Pelo menos posso dizer que tive vários aprendizados pessoais e íntimos. Que me fazem mais experiente nessa parte das expectativas. Sinto que posso fazer alguns planos e resoluções, mas que tenho o coração um pouco mais duro para suportar o que não acabar se realizando.

Por conta disso, desde março comecei a escrever uns textos mais reflexivos e com desabafos sobre como estava me sentindo sobre tudo isso que estamos passando, e apesar de tudo, gostei de escreve-los.

É algo para tirar de bom? Sim e não? Não foi um ano nem de perto satisfatório, nem mediano, foi péssimo mesmo. Gostaria de ter revisto e aprendido de outra maneira, mas infelizmente a gente não pode controlar tudo, nem acontecimentos pessoais a gente tem todo esse poder, imagina nessa escala. Entretanto, ter revisto e aprendido muito ajuda a continuar com mais experiência, com mais racionalidade, eu diria. Se eu ainda estivesse surtando não estaria pensando com mais clareza sobre as coisas. 

Não digo que seja algo positivo em termos gerais, mas para cada pessoa que tirou algo de bom de alguma experiência/aprendizado, seja o alívio que se precisa para encarar o próximo ano com um pouco mais de positividade, penso eu.

Até estou animada com algumas coisas para 2021, como minhas leituras, por exemplo. Só que eu sei que sempre que me animo muito com algo, pode dar certo até um momento, depois vai desandar, voltar a ser estranho. Como acontece desde 2016.
Um exemplo bem claro é o início de 2020, comentado uns parágrafos acima.

Acho que a palavra “animada” seja meio forte para o sentido do que espero. Contudo um dos pontos é que com todo esse tempo pensei muito sobre minhas relações comigo mesma e com a exposição online, com isso tirar aprendizados importantes que me fizeram olhar com outros olhos para muitos aspectos.

Aprendi a lidar com a ideia de números. Ter em mente que as pessoas não são números que preenchem, então tudo bem não ter mais muitas pessoas me acompanhando em algumas redes, pois ninguém é obrigado a nada. A gente tem que saber olhar para isso com a naturalidade que é não ser apreciado sempre ou por um tempo. 

Em relação aos livros entendi que não preciso ler como os outros, só ler como eu mesma. Ou seja, no meu ritmo e os livros que eu quiser. Não existe medida que me faça menos ou mais leitora por ler uma quantidade x de livros, então não tem motivo para levar os números tão a sério.

Outra ideia, uma das principais — que eu já vinha refletindo por um bom tempo, porém não tinha chegado a uma conclusão até esse momento — e finalmente compreendi para mim, é que eu sou uma pessoa lenta. Tenho que viver lentamente, o famoso slow living, se quer rotular com o termo moderno.

Não consigo ser como as pessoas que querem fazer tudo, serem super produtivas, cheias de atividades e projetos, antes dos 30 (até porque já passei dos 30 há uns aninhos, risos). Preciso absorver com calma as informações, refletir, pensar sobre como aquilo me afeta, me ensina, ou é descartável e sem sentido e aí sim dar por definida na vida. Serve para praticamente tudo: aprendizado, leituras (e assistir filmes ou séries, ouvir músicas pela primeira vez), hobbies, atividades, obrigações. Não tenho a rapidez do mundo de hoje, mesmo que use de artifícios, como bullet journal, para organizar minha cabeça e a vida, tudo para mim tem que ser feito num tempo que é só meu. Entendi que não me encaixo no frenesi da vida moderna que usa internet. Eu uso a internet, entretanto não consigo acompanhar como uma pessoa que vive nisso/disso.

Ter entendido essa condição em mim é importante, pois assim consigo visualizar muito melhor meus objetivos, minhas vontades e projetos que quero realizar. Farei tudo no meu tempo e (também como aprendi recentemente) sem grandes expectativas.

Talvez algo que, quem sabe, seja válido colocar como resolução é tentar ficar mais longe das redes sociais ou da internet em si. Para me concentrar em fazer mais, para realizar os projetos que tenho vontade, mas que o medo paralisa um pouco.
Se me distraio com as redes parece que não pego minhas próprias coisas para fazer, por conta desse medo ridículo, achando que nada ficará com como as coisas que vejo por aí. Então também tem uma comparação injusta, que pode ser evitada se eu tirar sempre algum períodos de relaxamento da internet para pensar mais no que eu posso fazer.

Isso já é um passo inicial. Se os desejos forem acontecendo aos poucos dá para estender mais algumas metas vindo deles, com calma, com serenidade, que são mais duas coisas que preciso controlar e ter mais nessa vida. A paciência é uma virtude, já diz o (muito) velho ditado.

acervo pessoal

Estou achando que esse texto é daqueles que não fazem muito sentido cronológico das minhas ideias e que soa repetitivo em algumas partes, mas no fim das contas, quem liga? rs

Quero muito que nesse próximo ano tenhamos uma perspectiva melhor sobre tudo. Torço para que as coisas importantes se resolvam, que a vacina seja uma delas; que com isso possamos voltar a ver algumas pessoas e retomar o que foi pausado.

São só desejos sinceros que mando para o Universo. Que ele tenha um pouco de compaixão dessa Terra e faça com que as energias voltem a ficar um pouco mais positivas, não é?

Até 2021. 
J.

Comentários

  1. Sempre vivi de forma lenta, no meu tempo, sem apressar muito as coisas, apesar de querer apressar algumas poucas... mas esse ano foi louco! Eu fiz tantas coisas trabalhando em casa, ajudando a cuidar da saúde da minha mãe, sendo o suporte em projetos, me sobrecarreguei! E tudo que espero de 2021 é o mesmo que você: energias mais positivas. E calma! Preciso de mais calma e espero poder alcançar.

    Beijo enorme ❤ | Quase Aurora

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    1. Que tenhamos tudo isso, Karina!
      Desejo a você muita saúde e calma ♡ Espero que esse ano seja melhor para todos nós.
      ;)

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  2. Julie, as vezes preciso colocar as ideias pra fora assim, escrevendo. Me identifiquei muito com vc, quero desacelerar. quero olhar pra coisas mais essenciais pra mim. sempre fui um tanto ansiosa, sabe? mas senti que com tudo que ocorreu isso se intensificou dentro de mim, ou talvez ficar em casa quase 100% do tempo tenha me permitido perceber isso.

    que aprendamos a ser mais pacientes, um pouquinho a cada dia. Que seu 2021 seja melhor, mais leve, mais no seu ritmo. Abraços! ♡

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    1. Ah, Liz, que bom que você compreende hehe
      Vamos ter um ano melhor se o Universo nos permitir. E vai dar tudo certo, uma hora ou outra.

      Pra você também, que seu ano seja mais leve e no seu ritmo.
      ;)

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  3. Eu amei esse texto. 2020 foi um ano muito louco mesmo, mas acho que todo mundo pode tirar algo de bom dele, foi dificil pra muita gente, nem consigo imaginar como é pra aqueles que perderam pessoas pra esse vírus, mas como você disse, é algo que está longe do nosso controle.
    Que 2021 seja bom, que as coisas voltem ao normal, que cada um aprenda o seu jeito de viver e que deixe as cobranças de lado

    feliz 2021

    beijos
    Carol Justo | Justo Eu?!

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    1. Fico contente que tenha gostado, Carol.
      Foi bem difícil, e apenas uma coisa a gente pode controlar nisso tudo: como nos comportamos. Fazer isolamento e usar máscara, álcool em gel e todos esses cuidados já ajuda, sei que não salva milhões, mas é a responsabilidade que temos agora.

      Esse ano será melhor se o Universo quiser. E espero que ele nos ouça.
      ;)

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  4. 2020 foi um ano cansativo. Não me sentia cansada e ansiosa assim há muito tempo. Era sempre uma neura sair de casa. Por causa da minha coluna ruim, minha mãe que faz compras e vai em mercado e é sempre uma operação de guerra. Ela é bem consciente com relação à proteção e sai com máscaras reserva, lenço antisséptico, álcool, não toca o rosto.

    Eu sempre participo de vários eventos literários e esse ano não teve nenhum. Consequentemente o dinheiro também foi embora... Eu espero que 2021, pelo menos, tenhamos menos pandemia, menos medo, menos mortes e mais vacina, mais projetos se concretizando, um pouco de esperança. Sei que é até irreal pedir esperança no momento em que estamos vivendo, mas a utopia está sempre lá no horizonte, inalcançável, mas como um modelo a inspirar.

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    1. Ai, capitã, estamos ainda na fase ruim, né?... Ando bem preocupada, mas o que se vai fazer com um desgoverno desses. Tá bem desesperador.
      Mas torço muito pra que o mais breve possível tenhamos (mais) vacina...
      ;)

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