Do que sinto saudade

Tenho mais saudade de momentos com pessoas que estão longe, ou não estão mais por aqui. A sensação de impotência é ruim, porque não tem como a gente voltar para esses momentos. Mesmo quando procuramos por novos, eles nunca mais serão exatamente os mesmos. Sei que ao dizer isso é me apegar demais ao passado. Só que tudo isso que tem acontecido, o isolamento, todos os problemas que aconteceram desde então, contribui para essa saudade de tempos melhores e menos preocupantes — por assim dizer, pois sei que não é tranquilo o tempo todo e sempre haverão problemas de grande escala para se preocupar, mas acho que deu pra entender o que eu quis dizer, certo? — começar a brotar.

Das coisas mais simples, às situações que só com uma máquina do tempo poderia me ajudar. Sinto falta de ir ao cinema; passear por qualquer lugar; tomar sorvete num dia quente. Saudade de sair com os amigos, num churrasco, conversando sem pensar muito nos problemas do dia a dia. 

Tenho saudade de andar pela cidade. Sem saber para onde ir, só caminhar apreciando que há muitos prédios, mas também há verde.

Saudade de ver as flores. Sem ser pela tela do computador ou do celular. Apreciando cada formato e cor diferente.

Sinto falta de conversar na companhia da minha família. Sobre qualquer coisa. Dar risada, lembrar de quando era pequena.

Falta de ver o céu sem ser pela janela de casa. Olhar de algum lugar alto e perceber mais os formatos das nuvens.

Muita saudade de ouvir a voz da minha vó me chamando de neta querida. Do seu abraço e das nossas risadas por eu falar besteiras e ela achar graça.

Sinto muita saudade de poder viver normalmente, sem ter que usar máscara. Não precisar se preparar para sair com todo o cuidado como se tudo fosse contagioso (porque é). 

Infelizmente tudo mudou e nunca mais a vida será como antes. A saudade que tenho dificilmente irá passar, mas um pingo de esperança que ainda me resta me faz pensar que em algum momento as coisas podem voltar a serem quase como eram, ainda que realmente diferentes.