julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com coisas que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

Abraçando meu mundinho


Cada dia que vejo e analiso o meu afastamento de criação de conteúdo da internet (do Instagram, Facebook [a página nem existe mais] e do Youtube, principalmente) eu percebo que o que fez me afastar não são os “problemas” que eu achava que estava enfrentando. Na verdade é o cansaço de querer abraçar o mundo.

Eu queria fazer tanta coisa ao mesmo tempo que não estava dando conta nem do que eu fazia aos poucos; veio a frustração de achar que eu não sou boa o bastante em nada e que eu deveria, sim, escolher algum nicho importante para focar, se quisesse continuar.

Assim como hoje temos muitas pessoas que falam de livros no Youtube, tem mais um monte que fala de filmes, cultura, de política e por aí vai, eu senti a necessidade de TER que escolher algo, tipo esses temas, e “virar especialista”, esquecendo que não preciso era fazer nada de nada. Porque não devo a ninguém, felizmente.

Minha cabeça não dá conta de me comprometer com muita coisa hoje, só com minhas coisas pessoais e um ou outro projeto, que já tomam bastante da minha sanidade.
Então com o vídeo da Sabrina (que é excelente, assista) — em que ela cita aprendizado, Paulo Freire e educação; que temos que aprender para evoluir, mas nada tem de ser de uma hora para outra — eu fiquei pensando sobre como eu me sentia em relação a formar conteúdo para a internet. E quem faz conteúdo nas mídias faz porque quer passar algum conhecimento, alguma informação para frente, mas não adianta querer ser o ultimato dessa informação. Essas coisas tem que ser passadas pra frente e discutidas aos poucos para se compreender. Ela estava falando mais de política porque o canal dela é sobre isso, mas estou falando do que eu fazia, que era falar do que eu gosto (nem sei se tem nome para isso, cabe no ‘entretenimento’?) pura e simplesmente. 

E não sei o motivo da preocupação em querer parecer o assunto mais importante do mundo se não é exatamente isso que procuro. Eu acho importante a gente abordar assuntos mais sérios, claro, porém não sou uma pessoa que vai explorar conteúdo assim sempre, porque não tenho bagagem; porque não tenho cabeça para começar do zero sem ter essa bagagem, sabe?
Só queria voltar a fazer conteúdo porque eu gosto de falar do que gosto... Mas é difícil se entender nesse mar de informação por segundo. A velha história de se cobrar, síndrome do impostor etc.

Já falei e pensei isso milhões de vezes, mas tenho que parar pra respirar e analisar o que vale a pena colocar em campo para mim hoje, produzindo como um projeto sem grandes pretensões, sem se pressionar e sem expectativas se será perfeito.

Penso que talvez esteja indo para esse caminho. Talvez.

J.

Comentários