julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com coisas que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

Aos sonhos um 'até logo'


Não me lembro quando eu deixei de ser sonhadora.

Antes todo mundo me conhecia por ter sonhos demais e a cabeça na lua. A cabeça na lua eu ainda tenho, mas os sonhos, esses foram deixados para trás. E eu não sei onde tudo isso começou - ou terminou?

Tenho a impressão de que foi aos poucos. A vida foi me mostrando o quanto as pessoas podem ser detestáveis e que não valem a pena o esforço. Eu sei, eu sei que a gente não precisa necessariamente de pessoas para realizar sonhos. É que existem algumas que nos fazem pensar que o que queremos é impossível, não vale a pena; então vamos caindo em um buraco de incertezas e começamos a desistir, nos conformar. 

Foi mais ou menos assim. Não foi culpa de ninguém. Até porque tenho pessoas maravilhosas ao meu lado, que me apoiam, porém é algo maior que o incentivo delas. É algo que se perdeu em mim, por eu desacreditar no que eu acreditava. Não sei se foi ver que algumas coisas não são fáceis mesmo - e eu não encaro muito bem desafios que tenha que arriscar muito. Não sei se foram os anos passando e os acontecimentos que tiveram um efeito gravitacional e me puxaram 'das nuvens para a Terra'. Só sei que os sonhos que eu tinha já mudaram e os que tenho hoje não são bem sonhos, são ideias. São pedaços de sonhos que se quebraram e viraram a realidade. E nem sempre a realidade é algo bonito. Na maioria das vezes nem é. Somos nós que colocamos uns enfeites, adornamos e damos um significado. A realidade é só o que ela é. Somos nós que a fazemos especial, que a tornamos significativa; só que para mim, minguou. 

O real é a vida e os sonhos estão distantes como uma estrela que se apagou há muito tempo, mas que ainda mostra seu pequeno brilho, pois o tempo lá parece passar mais depressa e aqui mais devagar. 

Só precisava de um foguete para busca-los de volta, e torcer para que não estejam, na verdade, extinguidos.


J.

Comentários

  1. Me identifico. Muito mesmo. Minha mãe até se irrita quando ela pergunta qual é o meu sonho e digo que não tenho nenhum. "Mas como assim? Você já desistiu da vida??" E aí começa a o discurso de que eu sou muito jovem e tal... Você pode ser jovem na carteira de identidade e velha na cabeça.

    Gosto de dizer que eu tenho desejos. Mas os sonhos, onde eles estão? Não sei. Eu tenho um desejo de um dia poder fazer um cruzeiro, mas se não der, bem paciência...

    Não sei quando isso aconteceu, mas a vida me derrubou tantas vezes, as pessoas foram tão cruéis em alguns momentos, que eu simplesmente achei melhor parar.

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    Respostas
    1. É complicado. =/
      As pessoas parecem que gostam de pisar nas coisas que você acredita... Mas eu quero tanto recuperar meu lado sonhador, só que é meio que como a inocência: depois que você a perde nunca mais será como antes. E ando meio cansada, sei lá...
      Espero que você consiga mais ânimo para desejar mais coisas, quem sabe uma hora os sonhos voltem, nem que tímidos, mas voltem.

      Beijins!

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