julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com coisas que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

Lugar Nenhum (Neverwhere), de Neil Gaiman

O que você faria se todas as pessoas com as quais convive se esquecessem de você? Seus colegas de trabalho, sua noiva, as pessoas nas ruas... Todos! Pois foi isso que aconteceu com Richard Mayhew.

Em certa noite o rapaz encontrou uma garota estranha, ferida e totalmente perdida, foi aí que seus problemas começaram, e Richard começou a viver uma aventura totalmente inesperada.

Em Lugar Nenhum, primeira e ótima obra literária de Neil Gaiman, nos apresenta um mundo totalmente diferente do que conhecemos; nos insere na Londres de Baixo, onde criaturas estranhas habitam, indivíduos maléficos são facilmente encontrados, assim como ratos que se comunicam com gente e também salafrários aplicantes de vários tipos de golpes.

Tudo começou quando Richard, caminhando com sua até então namorada, Jessica, dá de cara com uma garota ferida que saiu de sabe-se-lá-onde. Em um impulso momentâneo de compaixão, Richard resolve que quer ajudar essa moça, mesmo não sabendo o motivo pelo qual precisava fazer isso. Então a leva para casa, e os dois são apresentados. A moça chama-se Door. E logo depois de salvá-la aparecem dois homens estranhos dizendo que estão procurando uma garota com as características de Door.

Depois disso, tudo começa a mudar na vida de Richard e ele se pega vagando por um mundo que nem imaginava que existia, entre esgotos, lugares fétidos, construções antigas, bem abaixo dos seus pés: a Londres de Baixo. Conhecendo o marquês De Carabas, que está ajudando Door, os três saem em busca de respostas do porquê a família da menina foi morta. Mais tarde conhecem uma caçadora que promete ser guarda-costas de Door, além de os homens-ratos e seus subordinados. E a cada página somos jogados a lugares diferentes com nomes, praticamente, da própria Londres, mas que são ligadas a pessoas e ambientes ao pé da letra. E claro, tudo isso sob a perseguição do senhor Croup e o senhor Vandemar.

A trama vai se desenrolando aos poucos em uma atmosfera lânguida e cenário mórbido, onde conhecemos muitas outras figuras com diversas funções e habilidades. Os personagens possuem muita personalidade e alguns, mesmo sendo detestáveis por si só, ganham nossa simpatia por fazerem parte dessa história surreal, mas ao mesmo tempo instigante.

Neil Gaiman criou um mundo totalmente diferente com uma história um tanto visionária, pois nunca li algo tão diferente e mesmo assim me identificar, como se esse mundo da Londres de Baixo pudesse mesmo existir se o procurássemos bem. Não é à toa que Gaiman é um gênio.

Talvez seu maior trunfo seja mesmo Sandman, mas Lugar Nenhum é algo que deve ser levando em conta por nos mostrar algo mais simples, sendo que nada no livro é complicado demais para se entender. No entanto o modo como tudo acontece e se esclarece, e o fato de mostrar como nossa imaginação é capaz de nos levar a lugares inimagináveis, parece que te transporta para o mundo ao qual você pertencia de verdade, e não esse mundo onde vivemos. Richard sentiu isso também, como verão nas 334 páginas que transcorrem rapidamente.

Comentários

  1. [...] Ah existe e não é apenas um. A menina que Roubava Livros, por exemplo; eu amei tanto o livro que leria muitas vezes, acho até que eu deveria ler todo ano; e também tem Lugar Nenhum, do mestre Neil Gaiman, que se saiu muito bem escrevendo esse romance cheio de personagens diferentes, estranhos e até bizarros, mas com uma história que te prende até o final de tão doida que é. Ah, eu fiz resenha dele aqui. [...]

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  2. Quando eu fiquei sabendo deste livro de Neil Gaiman corri para a livraria. Comprei e comecei a devorar, mas toda a ideia (que acho espetacular, realmente) me deixou a impressão que não foi conduzida magistralmente pelo escritor. Talvez seja a ausência de um protagonista (no caso, David) que absorva a atenção e empolgue.
    De qualquer forma, realmente o cenário que ele criou foi fantastico. Inclusive, agora ao escrever esse comentário, meu deu uma vontade danada de ler "Os Livros da Magia", pena que só por scan. Panini podia lançar um encadernado da HQ.

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