julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com coisas que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

Sobre não ser só bloqueio criativo

Estou lendo Como Se Encontrar na Escrita, da Ana Holanda — adquiri o livro para me ajudar a entender mais sobre minha escrita e procurar afetuosidade nela/dela — apesar de eu não estar nem perto da metade do livro, já percebi que vai ser uma leitura enriquecedora e com muitos aprendizados.

Todo final de capítulo ela sugere um exercício para se fazer. E num deles é tirar uma foto das coisas corriqueiras, cotidianas e escrever sobre essa foto.

Então eu escolhi uma que já tinha tirado, embora não seja exatamente isso que ela pede no exercício, porém essa foto eu montei para um postzinho no Instagram, mas como ainda não me decidi o que escrever ou se iria escrever algo junto com a foto, ainda não a postei por lá.


A verdade é que a tirei com o intuito de escrever sobre escrita, mas algo mais rápido e despretensioso (afinal, é para o Instagram, não para um lugar mais sério rs), só que fiquei sem saber direito o que passar com esse texto. 

Vivo comentando aqui que tenho meus problemas com a escrita, depois de um tempo esse “bloqueio” passa e volto a ter meus incentivos e continuo produzindo. Contudo, de uns tempos para cá, tenho sentido que o meu problema não é necessariamente com a escrita e falta de criatividade. Observei que quando não consigo escrever, proveniente de um certo bloqueio mesmo, não tenho muitas ideias, não tenho um jeito de colocar para fora aquilo. 
Mas ultimamente não tem sido bem assim.

Tenho vontade de escrever, tenho as ideias e sinto que minha criatividade quer trabalhar, mas a trava — aquela trava — está ali ainda, então imagino que seja um algo a mais

Tenho escrito muito no meu journal, na tentativa de achar alguma resposta para isso que sinto. De qualquer modo acho que o problema real não tem a ver com a escrita em si. Até porque me sinto travada em outras coisas também. Como nas leituras. Tenho tido dificuldade de escolher o que ler e continuar (fora o livro da Ana Holanda). Quero fazer as atividades e fico cansada só de pensar em executá-las. Então, não é só escrever que tem sido árduo, mas qualquer coisa que exige um pouquinho mais de pensamento.

É um processo até meio cansativo de tentar enxergar uma centelha em alguma coisa que nem sei bem como e onde começou. Imagino que terei que cavar um pouco mais fundo aqui dentro para descobrir essa falta que me faz em sempre ter os receios e medos que tenho.

E também, no fundo, eu sei que comigo nunca foi só escrever por escrever. Isso a Ana fala no livro dela. Se a gente só escrever no automático não se revela e não há conexão (engraçado que a Maki já escreveu vários textos sobre isso, e juro que eu aprendi, então é mais uma confirmação de que o problema não é a escrita em si mesmo). E para mim sempre foi o colocar os sentimentos e tentar fazer um intermédio de olhar com olhar.

Talvez seja cansaço, talvez seja a situação, mas pensando bem agora, sei que minha intenção quando escrevo não é só largar umas palavras ali e pronto, é de passar aquilo que muitas vezes não sei explicar verbalmente. É com a intenção de que quem ler se sinta um pouco acolhido seja pelo que for, minhas palavras estão aqui para passar algo bom, unicamente.
O bom é que entendendo isso sei que fica mais fácil me analisar internamente para compreender o que tem me incomodado e não me deixado fazer direito uma das coisas que mais amo fazer que é escrever.

De qualquer modo, estarei sempre tentando produzir algo. Já percebi que desistir não é uma opção válida e melhor é tentar do que não fazer nada.

J.

Comentários

  1. Oi!
    Nossa, me senti abraçada por esse texto! Diversas vezes quero fazer algo, tenho um planejamento e vem essa "trava" e eu simplesmente continuo lá. o pior de tudo é que o não fazer também incomoda e tenho também a noção de que não dá. também não sei de onde vem esse medo, esse receio. parei para pensar nele ao ler seu texto, para ser sincera... te desejo forças para descobri de onde vem e que consiga retornar melhor <3

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    Respostas
    1. Oi, Débora!
      Fico muito contente que tenha conseguido de tocar com meu texto. É um pouco isso o meu receio ultimamente. De não estar falando de verdade com as pessoas que leem o blog. Eu quero me aproximar um pouco mais de quem acompanha o blog, porque é uma parte do meu objetivo: conversar com as pessoas e nos conectarmos por meio dos meus textos... Enfim, muito obrigada pelas suas palavras, por sua visita e pode deixar que vou estar aqui sempre, pois não desistirei de escrever. E espero que você também não, fique bem.
      ;)

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