julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com coisas que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

Cansei de sentir raiva

Essa última semana tenho passado por reflexões que espero levar pra frente, pois elas têm me dito que o que eu mais quero para minha vida é procurar a felicidade. E para poder ir para o caminho certo é preciso livrar-se de certos sentimentos que atrasam a chegada.

A raiva é um sentimento péssimo que só corrói o seu ser cada vez mais e pode transformar sua alma em algo seco, incapaz de ver as belezas do mundo. Não quero parecer utópica, mas só agora eu tenho entendido que sentir ódio é algo tão poderoso quando sentir amor, mas como sabemos, é somente para o mal. 

Tem aqueles que dizem tirar mais força da raiva, mas é uma força que dura menos tempo. É uma força em troca de um preço alto que dificilmente pode ser recuperado: a saúde emocional. Se você passar por um processo meio traumático, nunca terá paz se sentir raiva de tudo e todos o tempo inteiro. Até é compreensível a gente ficar nervoso e com raiva temporários, entretanto carregar isso por um longo período é uma marca que será difícil de arrancar.

Temos que tentar olhar para dentro de nós mesmos e parar para pensar o que queremos da nossa vida. Quer sentir dores e viver de pensamentos destrutivos ou quer ser mais leve e poder viver com tranquilidade?

Vou chutar que a maioria respondeu a segunda opção. Então é preciso se auto analisar e compreender que não é por meio da raiva que se consegue as coisas.

Só vendo que, apesar de muita coisa ruim que existe no mundo, proporcionalmente inverso existem coisas boas. O mundo não é só um caos, nele existe muita bondade também. A gente tem que querer enxergar um pouco mais disso para não adquirir uma alma tomada por ódio e rancor. Não é isso uma solução. 

Eu decidi que cansei de sentir raiva e rancor e todas esses sentimentos ruins que por um tempo vinha sentido. Cansei de ser escrava dessas situações, de acordar sempre de mau humor e com falta de paciência; de por qualquer probleminha banal sentir uma raiva tão grande que não tinha motivo de existir. 

O que procuro é ser feliz, e pra chegar a essa felicidade não tem outro caminho que não o melhor caminho que se pode chegar: o do amor. 

Não é que seja super necessário que a gente ame a todos e se sinta contentamento o tempo todo, e sim que se esforce em procurar sentimentos bons. Principalmente a nós mesmos.

Ninguém é perfeito e óbvio que não é o tempo inteiro que você vai sentir coisas maravilhosas, mas o exercício que leva a prática é tentar sempre ficar bem. Não fazendo um esforço descomunal, porque não é uma cura para todos os seus problemas, mas sim olhar o lado bom, pois tudo tem um lado bom.

Parece tão fácil falar isso, não é? Só que não é que seja fácil, é que para quem não aguenta mais (a raiva/ódio tem esse poder de sugar toda nossa energia), assim como eu, é preciso incentivo todo dia para pensar com mais serenidade e procurar esses sentimentos positivos dentro de você. Em algum cantinho eles vão estar, pode ter certeza.

É como tudo na vida. Leva um tempo, mas vai chegar um momento que esse isso vai acabar acontecendo e o melhor de tudo é que você vai se sentir bem melhor. Começa com um pouco de cada vez, olha pro dia e veja o que foi bom, o que te tirou um sorriso do rosto e assim, com esse treino, a gente vai melhorando um pouco a cada dia. 

Já estou começando a perceber uma mudança, que parece tão pequena, mas que está fazendo uma certa diferença no que eu sinto por dentro do meu corpo — porque por mais bizarro que possa parecer, isso afeta todo o físico também.
Tem sido bom, tem sido realmente gratificante ficar bem comigo e com o mundo. 

J.

Comentários

  1. Eu sentia muita raiva quando era mais nova, odiava o mundo e odiava à todos, inclusive à mim. A raiva foi indo embora conforme eu me conhecia mais e descobria que o ódio só fazia mal à mim mesma :c

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    1. Essa coisa da raiva me pegou depois de adulta, quando era adolescente eu era de boa com as coisas... Foi um período mais difícil, agora tô entendendo que senti raiva de tudo e todos porque eu tava com raiva de mim. Fui me perdoando, eu imagino...

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  2. Há algum tempo penso assim, quando disse para a filha mais nova que não me importa se tanta coisa ruim acontece, porque não foco mais nisso, ela achou que eu não me importo, que só penso em mim mesma(egoísmo, sabe), mas não é verdade, porque eu me importo sim, quando alguém precisa eu procuro ajudar e faço a minha parte para que o mundo fique melhor, só não foco mais em coisas ruins. Quando foco em coisas boas, a vida fica mais leve, parece que tudo flui mais fácil. Então... bora ser feliz!!!

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    1. É, eu acho que tem maneira de se indignar. Dá pra conversar sem expelir aquele ódio bruto, a gente se indigna com as coisas e pode deixar que isso vire um estresse (como eu deixava) ou pode entender a indignação como uma forma para agir e ajudar quem precisa. ;)

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  3. entendo demais isso de sentir muita raiva o tempo todo e ultimamente venho tentando me controlar mais, mas nossa... como é difícil. ainda mais nesse momento que estamos vivendo. nos dias mais difíceis, que percebo o quanto tô me fazendo mal, tento dar uma sumida das redes sociais principalmente e focar em coisas que me fazem bem. ainda espero conseguir ser uma pessoa melhor nesse sentido (afinal, cada pessoa vê o mundo conforme sua percepção das coisas, e só focar nas coisas ruins não faz bem pra ninguém) mas ainda tenho um longo caminho pra percorrer nesse sentido, haha

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    1. É difícil Ka, mas olha, a gente pode pegar essa indignação com injustiças e coisas ruins e tentar transformar isso em combustível pra gente querer aprender mais sobre as coisas pra poder ajudar nas lutas que precisam.
      O se indignar não precisa ser na base do ódio puro, pode ser na forma de ficar bravo e tentar se mobilizar.
      É o que tenho tentado fazer ;)

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  4. Tenho lido sobre Comunicação não violenta, e lá ele fala sobre a raiva, a CNV é uma forma de comunicação difarçada de um proesso de conscientização de si mesma.

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    1. Gostaria de ler sobre isso também. Já tenho o livro na wishlist ;)

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