julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora & escritora. escuto música, bebo café e me preocupo demais com coisas que não deveria. Blog com quase 15 anos de história, onde as coisas acontecem devagar. arte: yelena bryksenkova

A Delicadeza, de David Foenkinos

Acho que li pouquíssimos livros franceses na minha vida, o único que vem em minha mente agora é O Pequeno Príncipe; e este, claramente. Talvez questão de procura-los com mais atenção. Também não havia lido nada do David Foenkinos, mas pela boa experiência com esse livro que comentarei, eu irei procurar os outros livros dele com certeza.  

Em A Delicadeza, conhecemos Nathalie, uma mulher discreta, que gosta de ler e de rir, e nos parece uma pessoa comum, mas que chama atenção pela beleza. Um dia ela conhece um rapaz, François, que a convida para se sentar e beber algo com ele. Ela aceita. Eles conversam; se apaixonam e se casam um tempo depois. Assim parece um romance batido e sem graça. Porém infelizmente, François sofre um acidente e, sim, ele morre (não acho que isso seja um spoiler, já que acontece no começo do livro, mas enfim...). Nathalie fica devastada, não chega a entrar em depressão, mas fica muito mal, obviamente, com o acontecido. 

Após um período, ela volta ao trabalho; se entrega a ele, para esquecer que já não tem mais o marido. Em certa tarde um dos membros de sua equipe, Markus, vai a sua sala para falar do dossiê 114, enquanto Nathalie está "delirando" com seu andar e se observando, então acontece... Bom, não vou dizer, hahaha. O que acontece na sala e o passo para Nathalie e Markus se relacionarem. Eles começam a se conhecer; Nathalie vê uma chance de poder voltar a viver e se envolver com as pessoas.

Pode ser que alguém ache água com açúcar, mas posso garantir que o livro é mais que isso. Ele é uma história bonita e engraçada de como as pessoas superam acontecimentos tristes com ajuda da "pessoa certa". E de como a delicadeza dos atos e do ser podem influenciar em relacionamentos. 

Gostei, também, o fato do autor brincar com os elementos expostos no livro. Por exemplo, em um "capítulo" (não são bem capítulos, são mais pausas numeradas de ideias), ele descreve que os personagens foram a tal restaurante e pediram tal prato. No próximo ele diz quais os ingredientes que foram usados em tal pedido. Assim como definições de palavras do dicionário, brincadeiras com informações pessoais dos personagens. Sua forma de escrita é leve e descontraída, fazendo com que lemos o livro demasiadamente rápido. Isso faz com que o livro seja até meio cômico em algumas partes; então o que poderia ser a triste história de uma mulher que perdeu o marido e de como ela tenta superar isso, vira uma história gostosa de relacionamentos delicados que começam por acaso e se tornam significativos.
"Há pessoas maravilhosas que conhecemos na hora errada. E há pessoas que são maravilhosas porque as conhecemos na hora certa".
Existe uma adaptação do livro, com ninguém menos que Audrey Tautou - a eterna Amélie Poulain. O filme é bem fiel ao livro, apenas acrescentando alguns diálogos e mudando uma ou outra cena. No mais, as escolhas dos atores foram muito boas. Vi em cada personagem as características do livro (isso é até meio irônico, pois assisti ao filme primeiro), e apesar de alguns serem pessoas egoístas e imbecis, elas são carismáticas dentro do contexto da história. 

Avaliação: ★★★★
 
O trailer: 


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