julie azevedo
Since 86. Queer person. leitora que escreve & escritora que lê. escuto música, bebo café e sou adepta do slow living e slow content. Aqui temos praticamente 15 anos de história. arte: yelena bryksenkova

O Solista (The Soloist, 2009)

Steve Lopez estava atrás de uma matéria para sua coluna, quando encontra Nathaniel tocando seu violino, de apenas duas cordas, em frente à um monumento de Ludwig Van Beethoven. Não obstante em escrever sobre o morador de rua estranho, que toca divinamente violino, o jornalista decide que ele será sua história.

No filme dirigido por Joe Wright (mesmo diretor de Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação - dois filmes ótimos, por sinal) nos é contada a história verídica de Steve Lopez,  jornalista dinâmico do Los Angeles Times, na tentativa de ajudar o sem-teto, gênio da música, Nathaniel A. Ayers.
Mesmo depois de conseguir o que quer, Lopez se compadece - mesmo que não demonstre isso - da situação de Nathaniel, e numa busca incessante o jornalista começa a tomar como obrigação sua ajudar o pobre músico.

Desde o começo nota-se (e isso é mais claro do que parece) que Nathaniel é diferente. Portador de esquizofrenia desde muito jovem, seu único desejo é poder tocar e que sua música ecoe pelas rodovias, entre carros e concreto, e também pelos pombos, na louca e agitada L.A. Não menos atento a isso, Steve sabe da situação mental do Sr. Ayers. No entanto, ele não se limita a tratá-lo especialmente, pelo menos não como espera-se que se dirija à alguém com uma doença psicológica. Porém é justamente isso que não precisa ser feito.

Steve procura uma redenção para coisas que aconteceram no passado, Nathaniel só procura pela música que sente dentro de si. E os dois vão descobrir que é nessa amizade não programada que podem aprender sobre si mesmos - sim, porque Steve estende sua mão para Nathaniel não para salvá-lo (ele, apesar de doente, não precisa ser salvo), mas para mostrar a si mesmo que algo feito sem esperança de troca, pode valer muito mais do que uma grande história para uma coluna.

Se você prestar atenção, verá que nem sempre alguém que é psicopatológico necessita de tratamento baseado em psicotrópicos para que amenizem seus sintomas. Para quem é leigo talvez isso nem seja algo a se pensar, mas com simplicidade é mostrado no filme. Essa é uma das razões pela qual eu o admiro e me interessa assistir muitas vezes; uma visão poética sobre as pessoas com essas doenças, que realmente não tem cura. Talvez por não ter sido verdadeiramente entendido, o filme não recebeu a atenção devida, passando despercebido aos olhos de cinéfilos e mesmo da crítica.

Trailer:


Não por ser um filme baseado em uma história real, mas pelo que ele mostra e significa, as pessoas deveriam assistir tentando entender um pouco mais sobre o sofrimento recluso de quem possuí alguma psicopatologia.

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